O poder do genuíno amor no âmbito das trevas


É possível dizer que os caçadores das sombras trazem uma proposta ecumênica para toda expressão espiritual, seja ela da luz ou das "trevas". Mas a essência do supremo amor é intocável.

Uma série demarcada por violência e sombras com apontamentos inúmeros sobre a espiritualidade e misticismo humano e "sub-humano". 

Há diversos enunciados que merecem atenção, tendo em vista, comunicarem antecipações de caminhos que se projetam para a espiritualidade de forma geral e, que farão parte da constituição inovadora do mundo espiritual.

É uma série sem medo de mostrar, dizer e ousar. Sendo assim é recomendável como proposta aqui apresentada, ou seja, que não ignora o que os jovens de nossa geração estão "curtindo".

Segundo a Wikipédia:

A série é uma segunda adaptação da série literária, após o filme de 2013 Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos, que também foi produzido pela companhia Constantin Film. A criação da série foi anunciada em 30 de março de 2015[1] e estreou em 12 de janeiro de 2016 nos Estados Unidos, através da rede de televisão Freeform. É a série mais vista da Netflix em Portugal.

É impossível fazer postagem de todas as possíveis observações. Mas quero destacar pelo menos as que julguei serem as mais significativas.

Como já anteriormente dito, existe esta proposta de reunir todas as classes de seres da luz e das trevas, em sua grande maioria, em um mundo paralelo que se articula com o humano.

Então, humanos, anjos, vampiros, lobos, fadas, demônios e experiências de mutação - todos estão presentes. 

Os denominados Shadowhunters são os únicos humanos com possibilidades para viver e tentar manter a ordem para que o caos entre os humanos e neste mundo paralelo não se efetive.

Esta união de personagens e personalidades ou potencialidades traz a tona a variação das intenções, independente da classe a que o personagem pertence. 

Apenas os anjos permanecerem imaculados, pois os demais personagens são apresentados e definidos, em grande partida, pelas intenções que cada um deles têm - alguns boas, outras, más -  sendo isso que os classifica nos confrontos.

Algo interessante também é perceber que as propostas, as "ideologias" não são tão distintas. Apesar de controversas, elas representam formas de ver e compreender o "melhor" caminho para definir as "raças".

Entretanto a ênfase na questão das intenções internas dos personagens é muito intensa, mas torna-se ainda mais provocante quando em determinado ponto os demônios deixam claro sua capacidade de amar - uma declaração chocante que precisa ser bem compreendida e o filme explica - e provoca.

Quem prestar atenção vai perceber que este amor demoníaco, que foi apresentado em diferentes momentos é diferente, pois ele sempre exige algo em troca. É uma expressão de amor negociada.

Inevitavelmente, quando se fala em amor no contexto cristão, as bases encontram-se justamente no amor como expressão sem exigência alguma, inclusive para o ser humano - disso depende muito da denominada "graça".

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira".

É impossível não perceber a contraposição do amor demoníaco e do amor divino deste modo. Mesmo que as ações sejam boas por parte dos demônios no filme, eles sempre exigem algo em troca.

Saindo do mundo dos Shadowhunters, vamos para a realidade humana, em que se deve analisar qual é a cultura de amor cultivada nas atitudes e ações do nosso dia a dia.

Qual amor predomina em nossa vida, em nossa sociedade e em nossa história. O amor divino sem exigência ou amor demoníaco com base no negócio ou na troca?

Não é possível encerrar este post sem salientar que a série encerra sem uma resposta efetiva, sem um final feliz - sempre esperado. 

Apenas uma tentativa de caos completo foi evitada, isso com os devidos preços pagos ou em dívida. 

O futuro ainda é incerto e dependerá do genuíno amor, e dos Shadowhunters - caçadores das sombras ou trevas. 

Lembre-se que trevas são intenções equivocadas e não classes de personagens contrapostos.

Fica uma crítica aos estereótipos espirituais e um convite ao reconhecimento das intenções das ações. 

A série é bem pesada, para alguns, horrível... mas caso tenha "estômago", analise tudo e retenha o que é bom.

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Ederson Menezes (teólogo, licenciado em sociologia, esp. em educação e mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social)

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