O Reino é Composto Por Pessoas Libertas


 

... e conhecereis a verdade, 

e a verdade vos libertará. (Jo 8:32)



A capacidade cognitiva para o conhecimento faz parte do humano, e a competência intelectual é foco do processo educacional. 

O conhecer no âmbito humano não tem inicialmente nada de extraordinário, excluindo é claro, todo o processo histórico de seu desenvolvimento, pois estamos fazendo uma consideração contemporânea.

De modo geral conclui-se que conhecer é algo possível para todo ser humano - todos podem vir a conhecer. Todos estão habilitados para conhecer em níveis diferenciados de apreensão do conhecimento, e isso desde a infância.

Uma possível referência e ampliação do assunto é a aptidão humana a partir dos sentidos que produzem diferentes tipos de conhecimento.

O objeto de conhecimento evoca exigências diferenciadas, e é aqui que a questão começa a ficar um pouco mais complexa.

Apesar de muitas pessoas de forma precipitada configurarem a verdade como um absoluto - uma atitude mais apologética, parece-me que o texto de João 8.32 evoca outro sentido para o elemento Verdade.

Ao contextualizar o texto bíblico é possível verificar Jesus falando às pessoas que criam, que tinham fé, no entanto, o conhecimento da verdade ainda não era uma realidade para elas, pois a libertação que precisavam não estava evidenciada.

Então, Verdade parece caminhar em seu significado muito mais para o reconhecimento de uma condição humana em relação a Deus, Jesus e sua obra. 

É possível recorrer ainda a outras porções textuais para enfatizar a obra do Espírito na vida das pessoas como um agente contínuo em todo o processo. Um elemento que não poderia ser excluído da reflexão, tendo em vista que potencializa, habilita e aprofunda e experiência do conhecimento e da libertação - sem esquecer que o texto diz explicitamente que Jesus é o libertador.

O processo chama muito nossa atenção:

1) Permanecer na Palavra = Discípulo
2) Conhecer a Verdade = Libertação

Destaca-se as seguintes questões: o fato do "crer e ainda não ser liberto", de que a permanência é uma exigência para o discipulado, conhecimento da Verdade e libertação.

Por fim, as justificativas que as pessoas tentaram dar para Jesus eram todas construtos religiosos que aliviavam sua consciência, sustentavam os grupos religiosos em sua moralidade e prática, mas não serviam para justificá-los diante de Deus.

Jesus vai recorrer imediatamente a questão da condição de pecado e vai relacionar com o fato do pertencer a família de Deus. 

O Reino de Deus, seu governo na vida das pessoas é o elemento mais extraordinário no processo de libertação. O chamado de Jesus para os que creem mas não são libertos é arrependimento, a compreensão e permanência no Evangelho confirma o discipulado e desencadeia a libertação. 

A Verdade fica oculta para os religiosos. Mas é poder de libertação na vida dos discípulos. E esta questão é muito ampla em nosso tempo, pois os sistemas religiosos criaram também suas justificativas para definir a filiação divina, de forma que, não é mais pela permanência na Palavra, nem pelo discipulado genuíno e nem pela experiência da libertação.

As palavras de Jesus indicam um quadro de escravidão para o crer errado - o crer que possuíam não era suficiente para conhecimento da Verdade e experiência de libertação.

Qual é o seu crer? Você permanece na Palavra? Você conhece a Verdade? Você reconhece a obra de libertação em tua vida? Ou apenas vive auto justificativas religiosas - de um sistema religioso?

A distorção do foco da fé não leva a libertação, mas mantém a escravidão. O Reino é de pessoas libertas por Jesus!


(Ederson Menezes, teólogo, sociólogo, esp. em educação e mestre em práticas socioculturais e desenvolvimento social)

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