Como entender e lidar com o sofrimento



O sofrimento é uma resposta importante e normal pela perda de um objeto ou ente significativo. É uma experiência de privação e ansiedade que pode evidenciar-se física, emocional, cognitiva, social e espiritualmente. Qualquer perda pode provocar sofrimento.

As dúvidas, a perda da fé, o declínio da vitalidade espiritual ou a incapacidade de encontrar um propósito na vida, podem produzir tristeza e sensação de vazio indicativas de sofrimento. De fato, toda vez em que uma parte de nossa vida é removida, surge o sofrimento.

Como cristãos nos consolamos com a certeza da ressurreição, mas isto não abranda o vazio e a dor de sermos forçados a nos separarmos de alguém que amamos.

Disse Jesus: "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados".

A razão do sofrimento é por que perdemos algo ou alguém e estamos enfrentando o desafio de nos ajustarmos novamente na vida, e isto inclui três coisas importantes:

- desligar-se dos laços que nos ligavam a pessoa que nos deixou (relembrar para desligar-se);
- reajustar-se a um ambiente onde a pessoa que nos deixou não faz mais parte;
- formar novos relacionamentos.

A tristeza normal envolve sofrimento intenso, dor, solidão, ira, depressão, sintomas físicos e mudanças nas relações interpessoais, compreendendo um período de privação e transição. Geralmente existe negação, fantasia, inquietação, desorganização, ineficiência, irritabilidade, desejo de falar consideravelmente sobre a pessoa falecida, adoção inconsciente de maneirismos da pessoa falecida e sentimento de que a vida não tem mais significado.

A maneira como a pessoa sofre depende de sua personalidade, ambiente, crença religiosa, relacionamento com a pessoa falecida e ambiente cultural. 

Quando o sofrimento avança por longos períodos e em maior intensidade no sentido da demora em entristecer-se, hiperatividade, atitude de desânimo e desesperança, culpa intensa, forte autocondenação, retraimento social excessivo ou melancolia, impulsividade, comportamento anti-social, excesso de bebida e ameaças sutis de autodestruição, significa que tais pessoas parecem incapazes de emancipar-se (serem livres, autônomas) da pessoa falecida.

São efeitos comuns: o choro, a inquietude, a depressão e sintomas físicos como exaustão, fraqueza, enxaquecas, falta de ar, indigestão, perda do apetite, ...

Quase todo o luto começa com um período de choque, entorpecimento, negativa, choro intenso e algumas vezes prostração. A seguir vem um período prolongado de tristeza, inquietude, apatia, memórias, solidão, perturbações do sono. Depois o sofrimento começa a se esvair e as atividades normais da vida são retomadas.

Para a melhor elaboração de um luto não devemos ignorar este processo normal do sofrimento, adiá-lo ou distorcê-lo. Quando ignoramos o sofrimento normal ou reagimos contra ele, podemos oportunizar um sofrimento patológico, ou seja, um sofrimento que é reconhecido como uma doença.

Uma grupo de estudiosos e escritores acredita que a parte mais intensa do luto (sofrimento normal) se completa em um ou dois anos. Se continuar além disso, pode ser considerado como sofrimento patológico.

Como enlutados precisamos de compreensão, conforto e contato com pessoas que verdadeiramente se importam conosco.

Lembre-se que o que você passa é um processo normal de confronto com a morte e que tudo tem seu tempo, que chorar faz parte, que sentimentos diversos ocupam seu coração, mas que isso é um processo. 

Você pode ajudar-se dando abertura para pensar coisas boas, voltando aos poucos a novas atividades, fazendo novas amizades, dando oportunidade para pessoas te fortalecerem, fortalecendo-se nas promessas de Deus.

(Texto adaptado por Ederson Malheiros Menezes do autor Gary R. Collins)

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