A vida cristã e a vontade de Deus


Sobre a vontade Deus

Uma das primeiras “preocupações” no coração daqueles que iniciam uma vida com Deus é conhecer a vontade DELE para de alguma forma tentar agradá-Lo. É como uma atitude inconsciente na tentativa de retribuir a bênção da salvação. Evidentemente esta é uma preocupação genuína que deve acompanhar toda a trajetória do viver com Deus.

Jesus fez uma importante referência observando que aqueles que fazem a vontade de Deus é que de fato são seus familiares – família de Deus (Mc. 3.35). A própria oração que Jesus ensinou aos seus discípulos indicava a petição de um coração submisso e desejoso da concretização da vontade divina. O mesmo é expresso quando Jesus está no Getsêmani: “seja feita Tua vontade” (Mt. 6.10; 26.42).

A experiência de Paulo sendo advertido de morte em At. 21.14 pelos líderes da igreja mostra a realidade dos confrontos diários entre a vontade de Deus e a vontade humana, porém mais do que isso, evidencia que a vontade de Deus não é um ato isolado, mas interage com a história da salvação, produzindo paz nos corações mesmo diante da morte.

Paulo evidencia sensibilidade quanto a vontade de Deus ao escrever aos Romanos dizendo que se a vontade de Deus permitir irá visitá-los (Rm. 1.10). Assim ele procede também em outros momentos sempre em dependência para as mais pequenas coisas, como enviar alguém para receber notícias da igreja (Fp. 2.19). No mesmo livro de Romanos Paulo ainda fala sobre a ação do Espírito Santo intermediando a relação humana na revelação diante de Deus sobre aquilo que precisamos e a revelação no próprio coração humano sobre a vontade de Deus a ser vivida. Ele ainda conclui com um apelo aos cristãos para que deixem Deus transformar a mente deles e assim conhecer a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Rm. 12.1-2).

Quando pensamos sobre a essência maior da vontade divina fica evidente que ela está diretamente relacionada com a obra de salvação através de Jesus Cristo. Pois é assim que o texto de Ef. 1.5 diz ser prazer e vontade de Deus nos tornar Seus filhos através de Jesus. Todo aquele que se interessa pela vontade de Deus, interessa-se pela salvação em Jesus Cristo.

Desejar fazer a vontade de Deus nos leva a necessidade de compreender a realidade de que somos “escravos de Cristo” - isto significa ser alguém sem vontade própria (Ef. 6.6). De fato, não há como executarmos duas vontades, sendo assim, ou fazemos a vontade de Deus ou a nossa própria. Porém, aqueles que compreendem que foram comprados e adquiridos por Jesus, fazem a vontade do Senhor.

A oração fervorosa de Epafras pela igreja de Colossos é para que Deus faça a igreja ser firme, espiritualmente madura e estar sempre pronta para cumprir tudo o que Deus quer (Cl. 4.12). Firmeza e maturidade espiritual são elementos associados a concretização da vontade divina a partir da vivência humana. Cumprir o que Deus deseja requer firmeza e maturidade espiritual. Isto também é evidenciado quando aos Tessalonicenses é dito que Deus deseja que eles sejam completamente dedicados e livres da imoralidade (1Ts. 4.3) além de serem agradecidos em todas as ocasiões (1Ts. 5.18), sendo este o desejo de Deus por estarem unidos em Cristo.

Há um apelo em Hb. 10.36 para se ter paciência no sentido de ser perseverante e então através da fidelidade fazer a vontade de Deus e receber aquilo que Ele promete.

Também Pedro faz uma abordagem sobre a vontade divina, falando sobre ser a vontade de Deus a prática do bem (1Pe. 2.15), o suportar o sofrimento por fazer o bem (1Pe. 3.17) e a dedicação em viver a vida aqui esforçando-se para praticar a vontade de Deus não se deixando dominar pelas paixões humanas (1Pe. 4.19).

Por fim, como forma de estímulo profético, vemos ainda uma palavra de esperança sobre a vontade divina quando nos diz que “E o mundo passa, com tudo aquilo que as pessoas cobiçam; porém aquele que faz a vontade de Deus vive para sempre” (1Jo. 2.17).

Assim, a vontade Deus é algo a ser buscado e desejado para a vida cristã em todos os momentos, é evidência da filiação com Deus, está acompanhada da segurança e consolo divino, é alcançada pela transformação da mente, baseia-se fundamentalmente na salvação. É uma atitude de submissão consciente por causa do Senhorio de Cristo e sua prática exige firmeza, maturidade espiritual, santidade, gratidão, paciência, prática do bem, prática virtuosa e a convicção de seu valor enquanto portadora de valiosas promessas.

Pr. Ederson M. Menezes

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